É, às vezes, para nos livrar de uma realidade que nem tanto nos agrada, passamos a imaginar e viver dentro do possível uma utopia a fim de nos proteger da infelicidade. Essa válvula de escape funciona como um silêncio canhestro, desajeitado, porque o silencioso está aos olhos de quem convive com você, apesar de você respirar esse sonho da forma mais conveniente possível (enquanto um sonho). Esse silêncio atinge a vida das outras pessoas, mas de forma desajeitada, pois elas certamente podem vir a perceber alguma mudança, por mais que não falem ou levem a sério essa auto-descoberta. Por esse motivo, sonhar é muito mais do que refugiar-se, é silenciar todas as formas de intervenção alheia que possam te tirar da sua própria concentração, até porque muitas pessoas quando sonham não são compreendidas, muito menos respeitadas por isso; até porque muitos que estão a sua volta nem percebem alguma mudança sequer... e a mágica dentro disso é ter a oportunidade de extravasar sem ser notado ou criticado. Só que como tudo excessivo é desconcertante, é necessário o controle de nossas próprias utopias, do que levar ou não a sério, do que permitir-se ou não idealizar. O resto é seguir seu próprio rumo... não é porque sonhamos que a vida pára; ela continua a cada instante nos dando tempo suficiente de pelo menos tentar fazer por onde para que nosso sonho vire realidade.
SONHAR É PRECISO, SONHAR É VIVER. Permita-se sonhar também.