segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Gaveta de mulher



Era uma vez uma simples gaveta que vivia no armário de uma mulher. Este armário era branco, alto e passava muita credibilidade por seu porte e design. Garanto que se ainda estivesse na vitrine de sua loja, chamaria atenção de muita gente por sua beleza e elegância.

Vez ou outra este armário passava por algumas mudanças; já foi realocado três vezes naquele quarto, perdeu sua porta direita no inverno passado, de forma a melhor se adaptar ao ambiente e já até sofreu algumas mudanças internas: hoje, por exemplo, a prateleira de livros deu lugar às bolsas, e as roupas de dormir dividem espaço com as roupas de ficar em casa. Parece tudo muito organizado e pacato olhando de fora, mas nem tudo são cores e estampas de flores ...

Certa vez, após aquelas grandes arrumações que precedem épocas comemorativas, como por exemplo: Aniversário, Natal e Ano Novo, aquela mulher chegou em casa, ávida por uma significativa transformação em seu armário e, após uma noite repleta de bolsas, vestidos, camisas e meias espalhadas pelo quarto, cada coisa finalmente encontrou seu devido lugar. Algumas roupas foram reaproveitadas e outras separadas para serem desfeitas, pois não tinham motivo para continuarem ali dentro.

A mulher então deu-se por satisfeita, concluiu seu trabalho em menos de 3 horas, sentia-se leve, animada e curtia a arrumação de cada coisinha. Sabe como é mulher, né? Qualquer coisa, longe da TPM, é motivo pra ficar animada, até mesmo uma arrumação no armário. Só que ela não sabia como explicar isto, era como se, por projeção, sua vida também estivesse se ajeitando em meio a todos aqueles pertences...

E foi aí que uma das decisões mais importantes de sua vida foi tomada. No canto direito inferior daquele armário havia uma gaveta sobressalente, ansiosa por ser preenchida. E, mais uma vez: sabe como é mulher né? Entupida de amor e êxtase, pensou que poderia ser uma “ótima idéia”, “pelo menos por um momento”, “até não se sabe quando”, dar essa gaveta pra ele, porque...”quem sabe, né”? “Vai que ele gosta”... “vai que dá certo? Não há nada de errado!”

Mulheres.

Mal sabia que dar sua gaveta era dar-se por inteiro. Era dizer: vem, entra na minha vida, mistura tuas coisas às minhas, vamos nos envolver ainda mais, podemos virar bagunça, podemos nos perder em meio de tantas coisas, podemos harmonizar cores e texturas, mas, se quisermos, temos sempre a opção de pararmos e cuidarmos do que é nosso, podemos perder tempo e arrumá-la juntos, podemos organizá-la e cuidá-la e só depende da nossa força de vontade pra que isso aconteça.

Relacionamentos são armários. Grandes estruturas, bonitas e fortes por fora. Coloridas, chamam atenção por sua beleza. Guardam pertences importantes, e por esses e outros motivos merecem credibilidade. Mas dentro do armário, em meio a todas aquelas gavetas e prateleiras, há a representação de como é nosso coração: porque nunca, ninguém terá possibilidade de saber o que realmente se passa por dentro dele, caso você não o abra de verdade.

Precisamos estar atentos ao momento de fazer essas adaptações em nossas vidas. Quero arrumar gavetas e ajustar prateleiras pra fazer jus à beleza que meu armário possui por dentro e por fora.

Só quem ama pode saber.

2 comentários:

vivian massoto disse...

Verdadeeeeeee, mts vezes vemos uma imagem de casal perfeito, inabalável, sem problemas,um sonho. A realidade é q tds nós temos problemas e relacionamentos são cheios de imperfeições, são diariamente adaptados. Somos humanos, temos defeitos e qualidades...normal.

Mayara Cerqueira disse...

É verdade... São como armários... Às vezes, as pessoas olham de fora, acham que está tudo lindo, mas não imaginam a bagunça que está lá dentro... Rsrsrsrsrs Só quem vive, quem abre as portas de perto é quem realmente sabe o que há por dentro... Belo texto, Hannah! :)