Era
uma vez uma simples gaveta que vivia no armário de uma mulher. Este armário era
branco, alto e passava muita credibilidade por seu porte e design. Garanto que
se ainda estivesse na vitrine de sua loja, chamaria atenção de muita gente por
sua beleza e elegância.
Vez
ou outra este armário passava por algumas mudanças; já foi realocado três vezes
naquele quarto, perdeu sua porta direita no inverno passado, de forma a melhor
se adaptar ao ambiente e já até sofreu algumas mudanças internas: hoje, por
exemplo, a prateleira de livros deu lugar às bolsas, e as roupas de dormir
dividem espaço com as roupas de ficar em casa. Parece tudo muito organizado e pacato
olhando de fora, mas nem tudo são cores e estampas de flores ...
Certa
vez, após aquelas grandes arrumações que precedem épocas comemorativas, como
por exemplo: Aniversário, Natal e Ano Novo, aquela mulher chegou em casa, ávida
por uma significativa transformação em seu armário e, após uma noite repleta de
bolsas, vestidos, camisas e meias espalhadas pelo quarto, cada coisa finalmente
encontrou seu devido lugar. Algumas roupas foram reaproveitadas e outras separadas
para serem desfeitas, pois não tinham motivo para continuarem ali dentro.
A
mulher então deu-se por satisfeita, concluiu seu trabalho em menos de 3 horas,
sentia-se leve, animada e curtia a arrumação de cada coisinha. Sabe como é
mulher, né? Qualquer coisa, longe da TPM, é motivo pra ficar animada, até mesmo
uma arrumação no armário. Só que ela não sabia como explicar isto, era como se,
por projeção, sua vida também estivesse se ajeitando em meio a todos aqueles
pertences...
E
foi aí que uma das decisões mais importantes de sua vida foi tomada. No canto
direito inferior daquele armário havia uma gaveta sobressalente, ansiosa por
ser preenchida. E, mais uma vez: sabe como é mulher né? Entupida de amor e
êxtase, pensou que poderia ser uma “ótima idéia”, “pelo menos por um momento”, “até
não se sabe quando”, dar essa gaveta pra ele, porque...”quem sabe, né”?
“Vai que ele gosta”... “vai que dá certo? Não há nada de errado!”
Mulheres.
Mal
sabia que dar sua gaveta era dar-se por inteiro. Era dizer: vem, entra na minha
vida, mistura tuas coisas às minhas, vamos nos envolver ainda mais, podemos
virar bagunça, podemos nos perder em meio de tantas coisas, podemos harmonizar cores
e texturas, mas, se quisermos, temos sempre a opção de pararmos e cuidarmos do
que é nosso, podemos perder tempo e arrumá-la juntos, podemos organizá-la e
cuidá-la e só depende da nossa força de vontade pra que isso aconteça.
Relacionamentos
são armários. Grandes estruturas,
bonitas e fortes por fora. Coloridas, chamam atenção por sua beleza. Guardam
pertences importantes, e por esses e outros motivos merecem credibilidade. Mas dentro
do armário, em meio a todas aquelas gavetas e prateleiras, há a representação
de como é nosso coração: porque nunca, ninguém terá possibilidade de saber o
que realmente se passa por dentro dele, caso você não o abra de verdade.
Precisamos
estar atentos ao momento de fazer essas adaptações em nossas vidas. Quero
arrumar gavetas e ajustar prateleiras pra fazer jus à beleza que meu armário
possui por dentro e por fora.
Só
quem ama pode saber.
2 comentários:
Verdadeeeeeee, mts vezes vemos uma imagem de casal perfeito, inabalável, sem problemas,um sonho. A realidade é q tds nós temos problemas e relacionamentos são cheios de imperfeições, são diariamente adaptados. Somos humanos, temos defeitos e qualidades...normal.
É verdade... São como armários... Às vezes, as pessoas olham de fora, acham que está tudo lindo, mas não imaginam a bagunça que está lá dentro... Rsrsrsrsrs Só quem vive, quem abre as portas de perto é quem realmente sabe o que há por dentro... Belo texto, Hannah! :)
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