domingo, 28 de julho de 2013

E se a vontade bater...

Domingo frio, noite quieta. Estamos aqui, compartilhando do mesmo quarto, que numa tentativa severa de impedir a entrada de qualquer vento, encontra-se completamente vedado. A tentativa de aquecimento funcionou, ao contrário do que ocorre com nós dois, frios por dentro. Sinto-me incomodada por não saber exatamente o que fazer com essa distância de meio metro que mais parece meio quilômetro entre nós.

Hoje você acordou mais cedo, desceu para comprar pão, voltou antes mesmo que eu acordasse e me preparou um café, daqueles bem fortes, do jeito que gosto. Não sabia exatamente se agradecia ou se deixava passar esse seu feito, é estranho quando você passa a não se importar mais com alguém. Esse meu jeito de ser só atrapalha as vezes. Não puramente por ir de encontro à qualquer tipo de relacionamento, mas por não saber ao certo como lidar com o que o outro é e tem para me oferecer. Confesso que nunca é o suficiente.

O dia passou como todos os outros, ultimamente só o que fazemos é compartilhar do mesmo cômodo, com as cabeças em galáxias diferentes. Você e seu computador. Eu e meus livros. Nós e o abismo cada vez maior dentro do nosso quarto.

As coisas parecem desandar e esse sentimento de perda me consome, não quero nos perder. Por mais que meus defeitos sejam maiores que os seus, por mais que eu já não me importe tanto com você, por mais que nossa vida não seja a mesma e que nossos desencontros ultimamente tenham sido maiores que qualquer outra coisa, fico aqui pensando que a melhor coisa a se fazer é me abrir com você. Mas, será que você vai entender meus questionamentos e necessidades, procurar escutar minha sinceridade e lidar com as palavras até mesmo quando elas doerem?

Não prometo medi-las, esse nunca foi meu forte, mas prometo ser sincera. Prometo dizer a você tudo o que sinto e propor uma nova vida pra nós dois. Prometo abrir meu coração e minha alma e fazer valer a pena esses anos que passaram tão rápido.

Você está agora sentado na cama, com seu notebook apoiado nas pernas, parece bastante vidrado, seja lá no que você está lendo agora. Não sei nem como começar. Minhas pernas ficam dormentes e minha cabeça meio zonza só de pensar em quebrar este pacto de silêncio, mas não há mais como evitar. Sinto que, se dessa vez não fizer nada, amanhã será muito pior e cada vez mais nos distanciaremos. Isso não terá volta.

Desligo minha luminária, dou meia volta e me dirijo à você, que está tão distante de mim, agora. Começou com um - Ei - para não tardar a dizer tudo o que eu sentia. Foi a melhor decisão do meu dia. Sinto-me aquecida outra vez.

Um comentário:

Rafael Cormack disse...

Sensacional como sempre! :)