Existe algo dentro do peito daquela menina pedindo pra ser jogado ao mundo. Esse algo não tem tamanho, nem cor, nem se movimenta. Limita-se a Isto. Está perfeitamente estático e ela sente como se Isto já fizesse parte dela há muito tempo.
Isto pede tanto pra ser abandonado justamente porque a sua cabeça quer que isso aconteça. De tanto ouvir e ouvir, Isto acabou absorvendo o desejo como verdade absoluta, e quem é mais forte?
Por um momento sentia-se completamente tomada e, como num estalo o telefone toca... era ele. Aquele sentimento de abandono some e, no seu lugar entra amor, apenas amor. Tanto amor que a pobre menina não sabe explicar, não sabe dizer, não sabe entender.
"Quero sumir"- dizia ela, perdida em seus pensamentos e sonhos - "Quero sumir e encontrar você em qualquer lugar. Quero dividir tudo, inclusive quem eu sou, e não sei se esse desejo me enlouqueceria mais se já estivesse contigo."
Mas paciência é uma virtude e ela não sabe se já passou do limite da paciência para a submissão. Submissão a seu carinho, a sua voz, a sua presença, a sua beleza, a seu jeito de viver.
"Onde estou, quem eu sou?"
Não sabe... não queria parar esse estado de transe pra tentar se entender agora, isso acabaria com a beleza e a sutileza do momento... entrar num mundo paralelo, num estado de graça, só de pensar nele, só de ouvir sua voz, só de rir com ele, isso é felicidade. Querer que isso aconteça dói demais. É aquilo que chamam de presença na ausência. "A presença é pelo fato de você habitar aqui, dentro de mim", pensava ela.
(...)
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