domingo, 20 de março de 2011

Adeus.


Você não era de outro mundo, mas me fazia sentir em outro mundo. Você sabia como ninguém me agradar e me tirar do sério ao mesmo tempo. Lembro dos telefonemas inesperados, dos planos para o futuro e de tardes inesquecíveis que me fizeram chegar a essa conclusão. 
Você me fazia acreditar que valia a pena toda aquela disposição para estar perto e para estar sempre em contato, e me fazia feliz até mesmo quando estava longe. Um dia sem te ver era como uma eternidade. Você sabia brincar, falar sério, me escutar e me proteger. Seu jeito combinava perfeitamente com o que eu procurava em alguém. 
Seu abraço me deixava em paz e, ao mesmo tempo, desprotegida. O perfume ideal, o cheiro de cabelo ideal, as implicâncias ideais, as nossas brincadeiras, nosso mundinho só nosso. Todo mundo percebia que existia um nós dois entre a gente. 
Tudo em você era diferente, talvez porque você mexia comigo de uma forma como ninguém ousaria mexer.  Bastou sua presença em uma festa em familia e como num passe de mágica, todos já estavam apaixonados. Até meus amigos perguntavam de você. A dose certa de clichês combinada com seus passos milimetricamente calculados e seu jeito único de levar os dias, na tranquilidade, na malandragem, na mansidão faziam com que eu me encontrasse perdida em um labirinto cujas barreiras internas só cresciam e me transformavam numa pessoa indefesa, me viciei.
Eu nunca havia escrito nada sobre você, talvez porque te achasse muito importante para ser trasnscrito, mas hoje eu vejo o quão cega a paixão me deixou. E, pra se ter idéia, ainda hoje me pergunto se realmente eu sentia aquilo tudo... Sabe, sem ressentimentos.
A sua perfeição acabou por me fazer entrar numa busca incansável pelos seus defeitos e , surpreendentemente, foram muitas descobertas. Sim. Pra cada qualidade que encontrava, havia um defeito por tras. Então, quem você era? O que você queria com todo aquele marketing pessoal? Pra cima de mim não.
Percebi também que os assuntos se desenvolviam em ciclos. Você tentava me enganar reinventando as mesmas histórias, e eu fingia que tudo aquilo era novo e supreendente, e ríamos, e falávamos o quanto éramos bons juntos, numa tentativa desesperada de se apegar a determinadas coisas para esquecer o que realmente nos preocupava. A solidão. 
Não me arrependo de nada. Desde o dia que te conheci até a última palavra trocada. Até as vezes que você me dizia que sabia exatamente o que eu estava pensando, como se estivesse me estudando por todos aqueles anos e soubesse exatamente quem eu era, da cabeça aos pés. Confesso que foi pretensão demais da sua parte achar que me traduziria tão facilmente. 
Parece meio atrasado escrever sobre você quase um ano depois, mas a lembrança veio como quando a água desce pela cachoeira, impactante, veloz e gelada, bem gelada. Não esperava encontrar você, muito menos hoje. Não esperava ver no seu olhar uma amargura da vida que nunca pensaria encontrar antes. Deu pra perceber que você sente saudades e que queria reviver toda aquela época com a mentalidade de hoje em dia. Seu abraço me disse. Seria interessante, mas acho que já deu. Já foi. Não sou mais a mesma pessoa e nem você é mais aquele mesmo cara, nem sei mais se seriamos amigos, se as lembranças permitiriam um despretencioso recomeço.
Terminou com um "prazer em revê-lo" sem saber ao certo se houve esse prazer, as vezes era apenas alivio, alivio para nunca mais. Dei meia volta e continuei andando,cada passo no automático me conduzindo pra direção certa bem longe de você.

4 comentários:

Unknown disse...

Hanninhaa, você escreve muito bem! Adoro ler seu blog! Continue assim, você tem um futuro lindo.Parabéns. Beijo grande.

Hannah Ramos disse...

Obrigada meu anjo!!! Continue acompanhando, grande beijo!

Hariton disse...

Mais uma vez, a leitura fácil e boa faz com que, ao terminar o texto,eu chegue a pensar que posso redigir textos e mais textos com extrema facilidade!!rs Muito bom!

Hannah Ramos disse...

hahaha obrigada meu bem!!!