segunda-feira, 4 de abril de 2011

Por enquanto


Alguma coisa dentro dela tá pedindo pra sair. Não sei onde tudo começou, mas a vontade é grande e confusa. Uma mistura de sensações que percorrem um caminho entre o cérebro e a boca do estômago, num ziguezaguear acelerado e sem uniformidade. A cabeça até permite sentir dor.
Déficit de atenção, preguiça, vontade de dormir, vontade de sumir. Tadinha dela, tudo isso ziguezagueando. Os olhos pesam e a boca cada vez mais seca, como se passasse as últimas 24 horas falando incansavelmente. Aflição.
Mas tudo passa. Peça, que tudo passa. Peça com vontade. Fotografias já não dizem mais o que ficava antes subentendido. Cartas foram perdidas e lembranças afogadas em um rio caudaloso. E ela costumava nadar nesse rio. Aonde ela está agora? Tão bela...
Pensou em ligar, mas o número ficou perdido no mesmo lugar em que provavelmente devem se encontrar as lembranças e desistiu de ouvir aquela voz. A voz que ela mais procurava, a voz que, de tanto ouvir, estava perfeitamente gravada e ela podia formar em sua cabeça todas as frases que desejasse. Esse foi seu maior erro, porque aquela sua voz dizia o que não era dito para ela. Viveu uma relação que não existia.
Então vieram lágrimas. Lágrimas e mas lágrimas. Um dia ela vai descobrir que lágrimas não servem para trazer ninguém de volta, mas sim para limpar os olhos para que eles enxerguem, de fato, a verdade.
Um dia ela vai perceber que aquelas músicas que pareciam tão íntimas não foram feitas para ela, e que ninguém neste mundo poderá entendê-la como ela mesma.
Um dia um vento forte vai abrir sua janela e um raio de sol passará por entre suas cortinas para aquele céu-inferno utópico se transformar em realidade.
Por enquanto, doces sonhos de menina.