quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

De volta para o Natal

Antes tudo eram flores, ou pelo menos parecia. Mas a gente muda com a vida, e com ele não foi diferente.
Ele viu rostos diferentes e tentava adivinhar o que se passava dentro daquelas mentes inquietas.
Ele viu risos e abraços mas não entendia o rumo que um dia isso ia dar.
Ele viu diversão e ouviu muitas palavras, e me perguntava até quando seria daquele jeito. Eu nunca soube responder.
Depois de um tempo os rostos já nao eram mais diferentes e ele continuava não sabendo o que se passava naquelas mentes inquietas. Muito menos eu.
Ele continuava vendo risos mas nao sabia a intenção de cada um.
Ele buscava por diversão em meio a tantas responsabilidades e eu tentava trazê-lo de volta.
Hoje não é nada muito diferente, uns dias melhores que outros, saudade dos amigos e um emaranhado de papéis escritos no canto do quarto.
Ele não sabe aonde isso quer chegar, mas ele quer chegar a algum lugar. De repente ouve do sétimo andar um carro passando na rua com aquelas musiquinhas natalinas, e lembra de casa. Lembra da família, lembra dos pais... Lembra que quando tinha 8 anos não deixava ninguem encostar na sua arvore de Natal,que brigava com sua irmã pra montar a árvore sozinho. Lembrou dos momentos junto dos pais, das viagens, daquela alegria tão distante... Ele sentia falta disso, ele precisava sentir aquela sensação tão pura e tão densa ao mesmo tempo.
Foi ai que entao que se perdeu em seus pensamentos, sua mãe cozinhando para a ceia, seu pai sempre consertando alguma coisa dentro de casa, sua irmã ouvindo as boy bands preferidas e ele sentado admirando as luzes da árvore, como era bonito... eu também gostava. Um sentimento tomava conta do seu corpo, sua alma já nao estava mais pesada como antes, o coração estava cheio de lembranças e a vontade por felicidade voltou.
E naquela tarde nublada e calma, na solidão so seu apartamento e no calor daquelas memórias ele ligou pra casa e num estalo a magia retorna, porque meia hora depois de conversa, ao ouvir aquela voz que mais ninguém no mundo reconheceria tao bem quanto ele, aquela voz doce e carinhosa, tinha a certeza que na semana seguinte ele estaria lá junto de todas as luzes e pessoas, com todos os seus sons e lembranças. Quanta saudade. Ele era ele outra vez.

Um comentário:

Anônimo disse...

As vezes precisamos mesmo voltar de onde partimos e nos encontrarmos. Muito bem escrito... gostei mesmo.